Rubiaceae

Simira hexandra (S.Moore) Steyerm.

EN

EOO:

267.457,249 Km2

AOO:

20,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

A espécie não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta distribuição: no estado do Mato Grosso — nos municípios Juína, Matupá e Pontes e Lacerda —, e no estado do Mato Grosso do Sul — no município Corumbá.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2020
Avaliador: Eduardo Amorim
Revisor: Eduardo Fernandez
Critério: B2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore, sem altura registrada, não é endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). No Brasil, apresenta distribuição, no estado do Mato Grosso, municípios Juína, Matupá e Pontes e Lacerda e no estado do Mato Grosso do Sul, no município Corumbá. Ocorre no Cerrado e Pantanal, em Floresta Estacional Semidecidual (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020). Apresenta AOO= 20km² e quatro situações de ameaça. As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al., 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária historicamente está associada às queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008, Silva et al., 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015). Os municípios Corumbá (MS), Juína (MT), Matupá (MT) e Pontes e Lacerda (MT) possuem, respectivamente, 30,01% (1942073,6ha), 13,56% (355168,7ha), 28,37% (148082,5ha) e 36,69% (314338ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020). Diante desse cenário e, por não apresentar registros em Unidades de Conservação, infere-se o declínio contínuo em extensão de ocorrência, área de ocupação, qualidade de habitat e situação de ameaça. Assim, Simira hexandra foi considerada Em Perigo (EN) de extinção. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais e estudos de viabilidade populacional) e conservação (Planos de Ação e conservação in situ e ex situ) a fim de se garantir sua perpetuação na natureza, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 1991
Quantidade de locations: 4
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Mem. New York Bot. Gard. 23, 307, 1972.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados populacionais.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: perennial
Biomas: Cerrado, Pantanal
Vegetação: Floresta Estacional Semidecidual
Habitats: 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Detalhes: Árvore, sem altura registrada. Ocorre no Cerrado e Pantanal, em Floresta Estacional Semidecidual (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Flora do Brasil 2020 em construção, 2020. Simira. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB32690 (acesso em 08 de setembro de 2020).

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.3 Agro-industry grazing, ranching or farming habitat past,present,future national very high
A ocupação do Cerrado pela atividade pecuária se deu a partir da década de 1920, com a indústria de café em plena atividade. Mais tarde, com incentivos do governo federal, a atividade pecuária iniciou o processo de ocupação e conversão do Cerrado em pastagens (Klink e Moreira, 2002, Sano et al., 2008). Desde então, a pecuária passou a ocupar extensas áreas e estabeleceu-se como uma das principais atividades econômicas no país (Sano et al., 2008), recebendo cada vez mais subsídios governamentais, tais como, a criação do Conselho para o Desenvolvimento da Pecuária (Rachid et al., 2013). No início, a pecuária beneficiou-se de gramíneas nativas (Silva et al., 2015) e posteriormente o uso de tecnologias e a introdução de gramíneas exóticas para melhoramento das pastagens contribuíram para o sucesso da atividade no Cerrado (Ratter et al., 1997), sendo a região responsável por 41% do leite e 40% da carne bovina produzida no Brasil (Pereira et al., 2012). As pastagens cultivadas ocupam cerca de 26,5% do território e representam o principal uso do solo do Cerrado (Sano et al., 2008). Além dos impactos do gado sobre a vegetação nativa, a atividade pecuária historicamente está associada às queimadas realizadas para renovação da pastagem para o gado (Kolbek e Alves, 2008, Silva et al., 2015), as quais muitas vezes fogem de controle e tornam-se grandes incêndios (Verdi et al., 2015).
Referências:
  1. Pereira, P.A.A., Martha, G.B., Santana, C.A., Alves, E., 2012. The development of Brazilian agriculture: future technological challenges and opportunities. Agric. Food Secur. 1, 4. URL https://doi.org/10.1186/2048-7010-1-4
  2. Rachid, C.T.C.C., Santos, A.L., Piccolo, M.C., Balieiro, F.C., Coutinho, H.L.C., Peixoto, R.S., Tiedje, J.M., Rosado, A.S., 2013. Effect of Sugarcane Burning or Green Harvest Methods on the Brazilian Cerrado Soil Bacterial Community Structure. PLoS One 8, e59342. URL https://doi.org/10.1371/journal.pone.0059342
  3. Ratter, J.A., Ribeiro, J.F., Bridgewater, S., 1997. The Brazilian Cerrado Vegetation and Threats to its Biodiversity. Ann. Bot. 80, 223–230. URL https://doi.org/10.1006/anbo.1997.0469
  4. Sano, E.E., Rosa, R., Brito, J.L.S., Ferreira, L.G., 2008. Mapeamento semidetalhado do uso da terra do Bioma Cerrado. Pesqui. Agropecuária Bras. 43, 153–156. URL https://doi.org/10.1590/S0100-204X2008000100020
  5. Klink, C.A., Moreira, A.G., 2002. Past and current human occupation, and land use, in: Oliveira, P.S., Marquis, R.J. (Eds.), The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna. Columbia University Press, Nova Iorque, pp. 69–88.
  6. Silva, S.D., Mateus, R., Braz, V., Peixoto, J., 2015. A Fronteira do Gado e a Melinis Minutiflora P. Beauv. (POACEAE): A História Ambiental e as Paisagens Campestres do Cerrado Goiano no Século XIX. Sustentabilidade em Debate 6, 17. URL https://doi.org/10.18472/SustDeb.v6n2.2015.15469
  7. Verdi, M., Pougy, N., Martins, E., Sano, P.T., Ferreira, P.L., Martinelli, G., 2015. Vetores de pressão que incidem sobre a flora em risco de extinção da Serra do Espinhaço Meridional, in: Pougy, N., Verdi, M., Martins, E., Loyola, R., Martinelli, G. (Eds.), Plano de Ação Nacional Para a Conservação Da Flora Ameaçada de Extinção Da Serra Do Espinhaço Meridional. CNCFlora : Jardim Botânico do Rio de Janeiro : Laboratório de Biogeografia da Conservação : Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro, pp. 33–47.
  8. Kolbek, J., Alves, R.J.V., 2008. Impacts of cattle, fire and wind in rocky savannas, southeastern Brazil. Acta Univ. Carolinae, Environ. 22, 111–130.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.1.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future regional low
O município de Matupá (MT) possui 11,62% (60664ha) do seu território convertido em áreas de culturas agrícolas, segundo dados de 2018 (IBGE, 2020).
Referências:
  1. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020. Produção Agrícola Municipal - Área plantada: total, dados de 2018. Município: Matupá (MT). URL https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1612 (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat past,present,future national high
Os municípios Corumbá (MS), Juína (MT), Matupá (MT) e Pontes e Lacerda (MT) possuem, respectivamente, 30,01% (1942073,6ha), 13,56% (355168,7ha), 28,37% (148082,5ha) e 36,69% (314338ha) de seus territórios convertidos em áreas de pastagem, segundo dados de 2018 (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Atlas Digital das Pastagens Brasileiras, dados de 2018. Municípios: Corumbá (MS), Juína (MT), Matupá (MT) e Pontes e Lacerda (MT) . URL https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/index.php/produtos/atlas-digital-das-pastagens-brasileiras (acesso em 20 de março de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future national very high
A constante expansão de estradas é um fator que contribui para a perda de biodiversidade e degradação florestal no Pantanal (Joly et al., 2019). A implantação de estradas está promovendo um novo ciclo de pecuária no pantanal, a previsão da construção do corredor de produção pecuária pretende abrir uma rota rodoviária de 1000 km para integrar os municípios do Pantanal (Valentim, 2018, Minuto MT, 2019).
Referências:
  1. Joly, C.A., Scarano, F.R., Seixas, C.S., Metzger, J.P., Ometto, J.P., Bustamante, M.M.C., Padgurschi, M.C.G., Pires, A.P.F., Castro, P.F.D., Gadda, T., Toledo, P., Padgurschi, M.C.G., 2019. 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos. BPBES - Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossitêmicos. Editora Cubo, São Carlos. URL https://doi.org/10.4322/978-85-60064-88-5
  2. Minuto MT, 2019. Novas estradas mudam o modelo de pecuária do Pantanal. Agro. URL https://minutomt.com.br/cidades/novas-estradas-mudam-o-modelo-de-pecuaria-do-pantanal/ (acesso em 16 de junho de 2020).
  3. Valentim, D., 2018. Estradas interligam Pantanal isolado e facilitam transporte de bezerros. Campo Grande News. URL https://www.campograndenews.com.br/cidades/interior/estradas-interligam-pantanal-isolado-e-facilitam-transporte-de-bezerros (acesso em 16 de junho de 2020).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat,mature individuals past,present,future national very high
Em proporções não antes vistas nos últimos 47 anos, a região do pantanal mato-grossense sofre com queimadas que já fizeram arder 12% de sua extensão. O rastro de destruição afeta duramente o ecossistema da área (Veja, 2020). Em investigação, a Polícia Federal identificou que quase 25 mil hectares dos cerca de 815 mil do Pantanal já foram devastados pelo fogo em 2020. O fogo nesse caso seria para queima da mata nativa para fazer pasto (Morel, 2020). Dados consolidados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que os incêndios na região do Pantanal cresceram 210% em 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. A região registrou 14.489 focos de calor este ano, contra 4.660 em 2019. O fogo já destruiu uma área de 2,3 milhões de hectares no Pantanal — pouco mais que o território do Estado de Sergipe, ou quase quatro vezes a área do Distrito Federal (BBC, 2020).
Referências:
  1. Veja, 2020. As imagens da destruição no Pantanal. A região atravessa a mais longa temporada de incêndios florestais – em virtude da seca e da irresponsabilidade – em quase cinquenta anos. Veja Ciência. URL https://veja.abril.com.br/ciencia/as-imagens-da-destruicao-no-pantanal/ (acesso em 16 de setembro de 2020).
  2. Morel, L., 2020. “Não pode ser acidente”, diz delegado da PF sobre incêndios no Pantanal [WWW Document]. Espec. para o Estadão. URL https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/09/15/nao-pode-ser-acidente-diz-delegado-da-pf-sobre-incendios-no-pantanal.htm (acessado 9.16.20).
  3. BBC, 2020. Multas do Ibama despencam apesar de recorde de queimadas no Pantanal [WWW Document]. G1 Nat. URL https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/09/15/multas-do-ibama-despencam-apesar-de-recorde-de-queimadas-no-pantanal.ghtml (acesso em 16 de setembro de 2020).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre em Juína (MT), município da Amazônia Legal considerado prioritário para fiscalização, referido no Decreto Federal 6.321/2007 (BRASIL, 2007) e atualizado em 2018 pela Portaria MMA nº 428/18 (MMA, 2018).
Referências:
  1. BRASIL, 2007. Decreto Federal nº 6.321, de 21 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 21/12/2007, Edição Extra, Seção 1, p. 12. URL http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6321.htm (acesso em 08 de setembro de 2020).
  2. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2018. Portaria MMA nº 428, de 19 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 20/11/2018, Edição 222, Seção 1, p. 74. URL http://http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/50863140/do1-2018-11-20-portaria-n-428-de-19-de-novembro-de-2018-50863024 (acesso em 08 de setembro de 2020).
Ação Situação
1.1 Site/area protection needed
A espécie não é conhecida em nenhuma unidade de conservação, mas claramente existe a necessidade de melhorar a proteção do habitat nos locais onde se sabe que ela ocorre. São necessárias pesquisas adicionais para determinar se esta espécie está ou não experimentando um declínio efetivo ou está passando por flutuações naturais da população.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.